A Palavra que Sou
Há um cantinho secreto em meu ser lotado de palavras,
não as revelo a ti somente para justificar a dor ou o amor.
Eu sou as palavras em ebulição, expressando e incandescendo.
Nunca aprendi a ser diferente do que expresso:
Entre a alegria do olhar infantil contemplando as
pipas coloridas no céu e a ternura das
mãos maduras que afagam, eu sou a palavra que você, agora, sorriu.
Posso vagar furtiva pela tua memória sem nenhuma pretensão
ou rasgar tua pele expondo a carne sem dó,
marcando-te e deixando profundas cicatrizes.
Posso ser lida, explicada ou incompreendida
e mesmo se optares por não ler-me, ainda assim serei aquilo que renegas.
Sou como és: ora palavras soltas ao vento, ora testemunho fiel de uma vida e ora o silêncio inquietante de apenas ser.
Renata Vasconcelos