A Palavra que Sou

Há um cantinho secreto em meu ser lotado de palavras,

não as revelo a ti somente para justificar a dor ou o amor.

Eu sou as palavras em ebulição, expressando e incandescendo.

Nunca aprendi a ser diferente do que expresso:

Entre a alegria do olhar infantil contemplando as

pipas coloridas no céu e a ternura das

mãos maduras que afagam, eu sou a palavra que você, agora, sorriu.

Posso vagar furtiva pela tua memória sem nenhuma pretensão

ou rasgar tua pele expondo a carne sem dó,

marcando-te e deixando profundas cicatrizes.

Posso ser lida, explicada ou incompreendida

e mesmo se optares por não ler-me, ainda assim serei aquilo que renegas.

Sou como és: ora palavras soltas ao vento, ora testemunho fiel de uma vida e ora o silêncio inquietante de apenas ser.

Renata Vasconcelos

Renata Vasconcelos
Enviado por Renata Vasconcelos em 03/04/2018
Reeditado em 03/04/2018
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