Café

O líquido negro

Pendente em copo plástico

Sorvido, queima a boca

Incinera a traquéia

Faz ferver pulmões

Da alma já cansada de ar

Do cansaço dessa alma asmática

O desejo por descanso, inércia

Cama e cripta

Colchão, caixão

Edredom e terra

E um céu de estrelas que não choram por mim

Na finitude desse recipiente apático

O líquido escuro não perdura

Não sustenta e nem nutre

Adoçado, suportado, anestesiado

O real agrada a poucos

Mas vicia

Ao fim do gosto amargo

Copo descartado,

A bala, o chiclete e o caramelo são bem vindos

Acordado me volto ao falso doce de minha psiquê.

Onde tudo vai melhorar

Após dedos queimados e uma lembrança amarga na garganta.

Sarah Magno
Enviado por Sarah Magno em 27/04/2018
Código do texto: T6320703
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.