Fulana

"Fulana" inspirado em "O Mito" de Carlos Drummond de Andrade.

"Fulana segue os céus nas rédias de sua vontade.

Fulana cospe ao léu por ter duvidas de quem é, de quem sou e de quem somos nós todos.

Fulana olha os céus com confiança pois entende que nao há mais o que contestar a nao ser as suas próprias sensaçoes.

Ah, fulana... se voce soubesse que eu tão mortal nao controlo nem meus próprios passos.

As estrelas diriam que somos o extremo oposto.

Voce cederia a indecisao constante de nao saber como e a quem amar, eu ja entregaria meus versos a ti pois meu ímpeto é intenso desejando pelos abraços de qualquer encanto.

Você se deitaria sob o luar e me falaria suas histórias sem lembrar dos detalhes.

Eu sentiria o palpitar do meu coraçao e esqueceria os fatos importantes, lembraria apenas da cor das casas, as formigas que andaram por ali e a sensaçao das pernas tremulas.

Fulana segue seu rumo como quem nada deseja, chegaria enfim, em mim, apenas pelo presente. Depois ja nao lembraria meu nome e nao escreveria uma sequer palavra.

Eu te guardaria na saudade, pensaria no seu cheiro e esperaria um sinal de fumaça.

Fulana nao merece meu amor, afinal, eu sou um ser irracional, impulsivo e sem controle das minhas emoçoes.

Jamais a prenderia. Iria preferir o vento leve em seus cabelos do que sequer pensar em te segurar pelos braços com o medo da perda.

Te desejo livre tocando outros corpos, que seja,

Te desejo amada por todas as outras almas que escolheres.

Mas desejo quieta e singela, com respeito,

que pensasses em mim uma vez ou outra e viria de encontro com os labios seus perto dos meus.

Fulana olharia para outros lados, focada nas montanhas, meio que sem se importar tanto em como foram todas as arvores pararam ali.

Fulana atravessaria a cidade só pra me ver, e quando me avistasse assustada, se faria de desentendida e desprendida de vontade de mim.

Ah, fulana... tu jogas o jogo da vida, me segura na seduçao de sua indiferença, roça seu corpo no meu como quem quisesse me engolir. Me beija inquieta atrás do meu encaixe mas só pensas em si, eu sei, fulana.

Fulana é como uma bandeira jogada nos ares, fica no alto e quando escalo sinto o frio de poder cair.

Fulana que tem o medo invertido, que coleciona coraçoes em suas entre-linhas, que segue a individualidade como seu Deus mas prega pra que ficassemos todos juntos.

Ah , fulana... tu que nega os bares em uma semana, e na outra nao deixa seu copo vazio. Tu que empurra a fumaça do meu cigarro com desprezo, e em outro dia traga dele como quem nada fez. Tu que me olha com desejo e fala de paixao, e outrora se desconecta, se finge de desconexa e perdida no mutirão.

Fulana, amo amar-te. Amor é esse que é puro, livre e respeitoso.

Fulana me desafia a disciplina, me desafia na euforia. Minha respiração ofegante e impaciente. A dela sempre centrada e consciente. Somos o oposto."

Gabi Batoni
Enviado por Gabi Batoni em 29/04/2018
Código do texto: T6322708
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