Episódio
. Episódio
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Por aqui, pois então,
esboça-se um episódio
trágico-delicioso.
Ganha formas
desde a mera percepção
que alastra como sonho
desde a rua
e do cão vadio a uivar
pela nova companheira
que vive num reduto
assaz doméstico.
Ocorre-me que ela
o oiça e uive também
pelo seu quintal.
Espantosamente ou não
chove... e, ainda assim,
estanca-se o devaneio
e esgota-se a noite
ou escorre todinha
para a alvorada.
Acumula-se o provável
com o inconfesso
de haver um crime
fadado a recompensar
e, assim mesmo,
a ficar inconfesso.
Seja meu ou da rua
haverá um pecado
na lista de espera
da absolvição
e será de todos
ou de ninguém.
Entretanto obstino-me
na ideia obscura
de que tudo se escreva
ou que ao menos
haja um verso
a começar e acabar
aqui mesmo.
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________________LuMe
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