Espaço 2

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Tropeço e descubro

(ou vice versa)

uma penumbra tenebrosa.

Até ver, ocupa um espaço

esconso e labiríntico

e aloja um sentimento

assaz deprimente.

Dá-me uma trabalheira

contornar esses meandros

e, para cumulo,

sei que não deixa de ser

a quase sala

de tanto de mim estar.

Pelo seu negrume

só a perceciono cegamente

mas poderia jurar

inscrito nela o colorido,

o perfume, o toque,

e tudo dos sentidos

que se retêm num jardim,

ou talvez, mais justamente,

de tudo quanto se almeja

de delícia, numa miragem.

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É estranhíssima esta questão

e agrava-se no temor

de uma tendência para exílios

da minha consciência

nesse preciso espaço.

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Pois então, de um temor

se terá feito a tristeza

que, por sua vez,

terá cambiado em náusea,

e esta a tornar-se

rigorosamente idêntica

a um determinado vazio

que quase sempre deambula

entre um engano

e o respetivo desengano.

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Ainda não me deu

para conceber

um entendimento plausível

para um rôr de questões

talvez fosse prioritário

encarar o que se fez

de tudo quanto parecia

fácil, seguro e promissor.

Isto é, de tudo existencial

razoavelmente ao alcance

tanto de um destino

como de uma pequena mancha

ou réstia de algo

com jeito de quimera

ou só... de algures.

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Talvez prioritário

mas não se balda de ser

outra meríssima névoa

ah, e não logra omitir-se

à ideia-sombra de uma sala,

... cidade, ... planeta,

com um satélite

eclipsável e tudo

ou nada.

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Sombra, então

como ideia obscura

a desbotar tristemente,

a alastrar o ranço

e a desdita de um temor,

ou da sua única via

de clarificação

e saneamento.

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Adivinho o que se pretende

é algo, mais coerente

ou pelo menos

um tanto ou quanto

mais concreto;

pois!, mas isso passa

por assumir o tanto a haver

com íntegra e sincera

mediocridade.

.

E isso fica para

mais lá pró fundo, para trás,

ou um pouco antes do limite

da esperança de vida

outro espaço

do tipo enevoado e mitológico

onde consta pairarem

remédios para todo o tipo

de incurabilidade.

Espero chegar lá

em condições de entender

o que estiver pela frente

e, já agora,

o que ficou, de veras

para trás.

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______________LuMe

Luis Melo
Enviado por Luis Melo em 17/06/2018
Reeditado em 23/06/2018
Código do texto: T6366869
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