Velhice
Por fim, memória, és pedaço em mim,
Rasgaste o tempo e a carne
Para seres velhice altiva e solene,
Como um marco de luz,
Verdadeiro e sem capuz,
Sem vergonha, e sonhadora,
Em passado e saudade.
Rugas! Gelhas e vincos,
Como marcas do tempo que teimaram em avançar,
Melancólicas e sedutoras com charme e vigor,
Que em tons de cinzento,
Raiados à muito,
Marcam dias que passaram
Pelas épocas que marcaram
A agitação que já levou
O sonho e a magia,
Porque do nada à alegria,
Foi uma passagem sem conta,
De raras riquezas,
De uma vida cheia de tristezas,
Recordações,
Loucuras e emoções.
Rugas, gelhas profundas,
Na alma e corpo,
No espírito como um sopro,
Porque a vida ao passar,
Ensinou a viver,
A reduzir o fim do tempo,
A dar e perceber,
Que só se aprendeu, não a fugir mas a morrer.