Confissões em um bar
Por gentileza me sirva uma bebida forte,
Ando um pouco sem sorte;
Papai está doente, Mamãe mente
E eu aqui fazendo papel de pateta carente.
Por favor me dê um cigarro,
Preciso apenas de um trago para me acalmar
E não fazer mais estragos.
Aproveitando me desce outra dose!
A amarga e quente,
Aquela que desce rasgando
Vai me esquentando,
Matando assim a solidão.
Não! muito obrigada.
Dispenso o petisco,
Ando também sem fome,
E desde já agradeço sua preocupação.
Quero mesmo pinga com groselha,
Infelizmente essa donzela
Não é tão doce,
Embora seja bela.
Andei muito por aí,
Suficiente para aprender que jamais se julga sem conhecer,
O suficiente para ver que as vezes a maldade se encontra
Nos lugares mais bonitos e cheios de luz.
Ei, já deixa a garrafa por perto,
Aqui ainda está vazio e deserto,
E preciso preencher.
Se não for te atrapalhar, falo sério,
Não quero incomodar,
Coloca um rock daqueles antigos para tocar.
Esse mesmo!! Essa música!!
Faz meu coração até saltar,
E as memórias começam a voltar,
Em um tempo aonde era menina inocente
Que vivia a sonhar.
É meu caro senhor, já estou embriagada
E para casa já é hora de voltar,
Voltarei caminhando
E pensando nos seus conselhos.
É meu caro senhor,
Sinto muito ter te contado
Coisas das quais você não era obrigado a escutar,
Adeus amigo, qualquer dia em outro lugar vou rir e contar
Sobre o velho que me atendeu
E minhas tristes confissões em um bar.
Fica bem meu senhor,
E obrigada pela gentileza,
Aquela que a gente não encontra mais em todo lugar.