Gnose
Senti a morte pensar por mim
Como uma noite de névoa
Numa treva sem lugar…
Como a raiva que sofremos
Quando a morte astuta
Nos abate a sabedoria por si…
Tenho vivido muito tempo
A pensar nessa vindima
Não conseguindo defrontar
Na vontade e na sorte
O que recolher,
De essa, a nossa morte…
Será o fim de uma rota
Que tolerou,
Lacónica,
Porém em gnose,
Descobrindo nas brechas,
Querer e vontade
Num troço
De apenas
Uma intenção:
Consentir
Na morte;
Noite;
Medo;
Solidão…
Palavras estigmatizadas,
Pela alma
E por nós oportunos,
Que medrámos junto à vida
Impelida por si,
Ao nos franzir,
E ao nos criar,
Para ser
Um dia,
Mais uma morte!