Mistério

MISTÉRIO.

É meu desiderato, desde o tenro puerpério,

Achar quais as razões que justificam essa vida,

Porque se eu estiver a cometer vitupério,

Às crenças ou aos deuses, que me levem de vencida!

Não irei abdicar, pois seria um despropério,

Desistir desse ideal, que busco e é minha lida,

Sabendo ser meu direito e jamais um impropério,

Deixar a alma feliz e também esclarecida.

Entre as razões que encontro, eu as quero com critério,

Porque a nobre inocência, já ficou no batistério,

Portanto nesse momento, no portal do acrotério,

Concebo-me sim o direito, de falar por magistério,

Por saber selecionar o bom do tal deletério.

Então sentindo a derrota, no final do climatério,

Encaro qualquer que seja, ao mais duro prebistério,

Sem temer ou recear, o momento do cimério.

Agora já consciente, me tornei um homem sério,

E aguardo entre as angústias, o chegar do grande dia,

Pois tenho assim a certeza que não é um despautério,

Diante das incertezas, onde busco a alforria,

Que se encontrar nesta cova, hoje, aqui no cemitério,

Razões que até justifiquem, minha dor e agonia,

Fazendo-me ter valido, a tal vida, esse mistério,

Honrar-me como mortal, sem pretensão à abadia.