O Bom Moço

No começo

Era muito estranho

Lembro que na aquele dia

Desmarquei uma reunião

Do trabalho.

Era muito estranho

Estar sóbrio

Com os pulsos enfaxados

Reaprender a viver

Seria um desafio

Eu teria que mudar muita coisa

Principalmente a vontade

De estar morto

Fiquei o dia todo na cama

Em silêncio,

-silêncio-

as vezes é tudo que preciso

Por isso aprecio as madrugadas

Escrevendo, talvez toda essa baboseira

Que chamo de poesia

Faça bem pra alguém

Tão fora do padrão

Como eu

Em algum lugar

Onde minhas palavras ecoam

Ja fazem sete meses,

Minha segunda tentativa de suicídio

Falhou. Hoje, eu agradeço,

Olho no espelho e vejo alguém diferente,

Focado, determinado e obstinado.

Dois dias atrás

Eu tomei uma cerveja

E aquilo foi a cura

Pro estresse do dia

Mas ao mesmo tempo

O estopim de um pequeno conflito

Com minha companheira

a bebida faz parte de mim

Tá no meu DNA, filho de pai e mãe

Alcoólatra. Mas não tô aqui pra fazer

De vítima. Ainda prefiro fazer vítimas.

Minha personalidade é uma benção

Sou genialmente criativo

Incrivelmente obstinado

Mas as vezes sou um trem desgovernado.

A Budweiser, Black and White ou o Velho Barreiro são apenas os catalisadores

O gênio e o monstro estão a duas doses

De distância da realidade

Do bom moço.

Leandro C Sbrissia
Enviado por Leandro C Sbrissia em 17/08/2018
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