O Bom Moço
No começo
Era muito estranho
Lembro que na aquele dia
Desmarquei uma reunião
Do trabalho.
Era muito estranho
Estar sóbrio
Com os pulsos enfaxados
Reaprender a viver
Seria um desafio
Eu teria que mudar muita coisa
Principalmente a vontade
De estar morto
Fiquei o dia todo na cama
Em silêncio,
-silêncio-
as vezes é tudo que preciso
Por isso aprecio as madrugadas
Escrevendo, talvez toda essa baboseira
Que chamo de poesia
Faça bem pra alguém
Tão fora do padrão
Como eu
Em algum lugar
Onde minhas palavras ecoam
Ja fazem sete meses,
Minha segunda tentativa de suicídio
Falhou. Hoje, eu agradeço,
Olho no espelho e vejo alguém diferente,
Focado, determinado e obstinado.
Dois dias atrás
Eu tomei uma cerveja
E aquilo foi a cura
Pro estresse do dia
Mas ao mesmo tempo
O estopim de um pequeno conflito
Com minha companheira
a bebida faz parte de mim
Tá no meu DNA, filho de pai e mãe
Alcoólatra. Mas não tô aqui pra fazer
De vítima. Ainda prefiro fazer vítimas.
Minha personalidade é uma benção
Sou genialmente criativo
Incrivelmente obstinado
Mas as vezes sou um trem desgovernado.
A Budweiser, Black and White ou o Velho Barreiro são apenas os catalisadores
O gênio e o monstro estão a duas doses
De distância da realidade
Do bom moço.