FANTASIA
Fantasiado de uma alegria pouca
réstias que me sobram da tua boca
todo dia, dia e noite, noite e dia
te lembro e em meu sonho afundo
Na cidade defendo embrutecido
a mentira de concreto deste mundo
celebro a esperança do dourado dezembro
ao repetir no trabalho
o ciclo do mecanismo viciado
disfarço a tristeza com pomadas
unguentos que transforma o rosto liso
a nostalgia com enfeites e negrumes no cabelo
vestido para a festa pagã de fim de ano
como se fosse a missa de domingo
Quem sabe em janeiro o perdão caia como bingo
enquanto vejo uma criança esfarrapada
no meio da algazarra rir por nada
com seu carrinho de plástico na mão
meus sorrisos adultos, escamam
explodem afinados como rolha, na piada.
Edgar Alejandro