"DE SOSLAIO" Pritama
Louca experiência, a vida.
Ando num campo minado
A passos de dançarina clássica,
Guiados pelos cantos dos meus olhos,
Para não dar passagem ao pânico.
Vivo a vida em vislumbres!
Louco descanso, a vida.
Quando no nada, posso ser ou não-ser,
Fundir-me em mim mesma e
Flutuar entre brisas e nuvens suaves.
Meu corpo, então, não ocupa espaço.
E em meio a toda essa paz
Simulo que finjo não perceber
A proximidade inevitável do drama e sua explosão.
Volto minha cabeça, lentamente, só um pouco,
O suficiente para apenas espreitar
As sugestões de espirais de fumaça claras.
As minas explodiram? Dei um passo errado?
Talvez!
Continuo calmamente o meu caminho
Sentindo que, talvez, seja apenas um suave cheiro de pólvora,
Prendo a respiração e lembro-me do “L’eau par Kenzo”.
What a parfume!
Faço um “relevé” ligeiro
Com as pontas gastas das minhas sapatilhas invisíveis.
Esboço um quase sorriso e
Continuo a minha passagem sorrateira
Com os cantos dos meus olhos.
Não preciso mais da experiência para inferir efeitos,
Eu os transformo através da minha visão “trée” fragmentada
Pelo meu bem-viver à francesa.
Assim, a maldade só me pega de surpresa,
E, se me encontrar, estarei equilibrando-me
Nesse fio tênue que separa a sanidade da loucura,
Na ponta dos pés, ao som do “La vie en rose”.
C’est ma vie, mon amie.
6/01/2006