Finitude
Existe uma poesia que nasce e nunca é consumada
Ela se apaga em si mesma, como é nascer e não existir?
Se nasce automaticamente existe?
Seria isso uma armadilha cartesiana?
Meu coração existe, eu sinto que ele bate, me bate no peito
Mas eu nunca o tive em minhas mãos, eu nunca o vi
Mas ele nasceu, ele também morreu algumas vezes
E morrer muitas vezes não é o fim
Muitas coisas carregamos dentro de nós
E isso vai se acomodando, como aquele comodo da casa
Onde reservamos para nossas bagunças
É como quando deixamos a sujeira debaixo do tapete
Cicatrizes são heranças de uma existência
Que bem ou mal foi vivida
Alguns as exibem com orgulho, outros as mercantilizam
Outros ainda a sentem e não tem o que se mostrar
O suspiro pode ser um presságio para o desespero
O medo é um alerta para que possamos nos sentir
E o que vem depois das palavras?
E o que vem depois do fim?
E o fim é um novo início?
Somos finitos
Somos para o fim
É só e...
Fim...