Chão

Pés na areia, preso numa sensação de guerra, desfruto diante das cinzas solta de meu cigarro, pensamentos pesados que levam o meu passado

Pés no mar, sinto o frio que invade meu corpo, nuvem cinzas que trazem ventos fortes, fixando meu olhar no mar e seu horizonte, ouço vozes que ecoam na saudade...

Pés na rocha, permaneço preso num conjunto de ilusões criada por minhas crenças de que não há nada para me sentir preso. Corro atrás de uma ideia, corro atrás de um vazio, vazio esse que chamo de sentido. Caminhos que se convergem, outros que divergem, percebo as marcas de minha mão, percebo o tempo que esbarrou e continua esbarrando em mim, nessa rocha fria, sinto meu peito congelar, sinto minhas emoções esfriarem, a ingenuidade de um menino se perde nas promessas falsas da vida, promessas de amor, talvez nas promessas de dor.

Com minhas mãos sobre o chão, meu olhar no horizonte, avisto as possibilidades, avisto o mundo, é ali o meu futuro, ou só uma projeção do meu passado? Solidão que acompanha, lembranças que me torturam, e a saudade que esmaga, me seguem como a inevitabilidade da vida, pedaços de mim, pedaços de quem sou, de quem fui e pedaços de quem serei.

Pés na areia, pés no mar, pés nas rochas, e com tantas marcas, com tantos chãos pisados, sigo em passos, as vezes firme, outras vezes fraco, ou suave, sigo com passos para uma direção, para algum caminho, para algum espaço...

Samael Lucas
Enviado por Samael Lucas em 07/04/2019
Código do texto: T6617874
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