Inverno

as lembranças ficam a cada dia mais vívidas

aquela espécie de dor fantasma passeia em mim

o desespero nunca esquecido paira bem ao meu lado

tudo o que sei fazer é sentir

e não é pouco

cada sentimento volta intenso,

inteiro.

pergunto-me como cheguei até lá

como deixei-me a míngua

e como sai, deixei tudo pra trás

será que o vírus ainda faz casa aqui?

penso sentir, ver e vivê-lo

uma vez aqui é impossível abandonar-me?

resta então o acomodar-se, deitar em meio às cinzas

e renascer

dia

após

dia?