Dia dos pais

Quando meu fio, se achegou do meu lado, meio desconsolado, com o zoio moiado, eu perguntei prele o que tava conteceno, intão ele logo se abriu, e o meu coração partiu quando ele disse que ia deixar a roça, e ia si imbora pra cidade, que no sertão num tinha recurso, e ele ia percurá a filicidade, eu num falei nada só acenei com a cabeça de que não discordava, mais por dento meu coração chorava, de tanta tristeza. nu dia que ele se foi, eu nem ajuntei meus boi, porque carreiro que chora o boi num bedece, passei o dia em prece, pidino pa Deus acarmà meu coração. Ele vorta sempre pá matá a sardade, mais nunca trais a tar di filicidade que ia percurá, inté que hoje, eu falei prele que, a roça é pouco mais é nossa, e qui alegria aqui na roça, é vê tudo dia os passarinho Cantá, qui aqui nois tem espaço, e que o pai vai receber com abraço, o dia que quisé vortá, meu fio disandô chorà, garrô mi falá que na cidade, tava durmino num quartinho, onde nunca ia cabê a filicidade que tinha do meu lado, mais que tava invergonhado di pedir pra vortá, eu dei nele um abraço, e disse que nosso ranchinho, sempre cabeu o carinho qui nois tem pra dá, e qui ele tava de parabéns,de ter percebido, que o pai tumem, tava aborrecido, com a farta qui ele mi fazia, hoje dia dos pai, meu dia é di alegria, graças a Deus nosso sinhô.

Mario Sapateiro
Enviado por Mario Sapateiro em 12/08/2019
Código do texto: T6718375
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