Soneto

A noite pulsa, elétrica, animada,

entre copos e corpos ao luar.

Templos se enchem, assim como o bar,

de pecadores de alma abençoada.

Ruas, polícias, crimes e na quebrada

um samba anima a essência do lugar,

e, até o dia límpido raiar,

ecoará uma cuíca apaixonada.

Poetas sonham com a tuberculose

de outros românticos de verve triste.

Anjos sucumbem a uma overdose

feita de tudo o que no mundo existe,

e eu peço, cansado, a última dose,

e um cão tristinho à minha derrota assiste.

Sarauvirtual
Enviado por Sarauvirtual em 01/10/2019
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