Soneto
A noite pulsa, elétrica, animada,
entre copos e corpos ao luar.
Templos se enchem, assim como o bar,
de pecadores de alma abençoada.
Ruas, polícias, crimes e na quebrada
um samba anima a essência do lugar,
e, até o dia límpido raiar,
ecoará uma cuíca apaixonada.
Poetas sonham com a tuberculose
de outros românticos de verve triste.
Anjos sucumbem a uma overdose
feita de tudo o que no mundo existe,
e eu peço, cansado, a última dose,
e um cão tristinho à minha derrota assiste.