Pensamento doentio

Moro em um porão sujo e cheio de ratos,

Mas a minha casa é uma mansão;

Aqui não há nenhum rato!

Estou dormindo em um chão úmido

E os ratos estão roendo meus dedos,

Mas rato, aqui, nenhum eu vejo

E minha cama é macia e aconchegante.

Vou almoçar e, em meio às migalhas

Que acho no lixo, vejo um rato enorme,

Ao levar à boca a comida,

Mas ainda assim, não há aqui rato algum

E minha comida é suculenta e refinada

Como a de um fidalgo!

Vou vestir minha roupa em farrapos

Para pedir esmolas. Um rato nojanto,

Morto, já em decomposição, encontra-se

Em meu bolso. Mas eu me mantenho firme!

Só uso roupas caras, chiques,

Meu trabalho é digno de orgulho

E em minha mansão belíssima,

Eu já disse, não há ratos!

Agora estou à beira da morte,

Peguei peste de rato.

Mas morrerei honradamente

Como um homem, não como um rato;

Serei enterrado em meu enorme jardim,

Bem longe dos ratos...

DEPOIS DE MORTO:

Vocês viram, meus amigos, eu tentei...

Fiz de tudo para esquecer os ratos da minha vida,

Mas os ratos de mim não esqueceram.

(Claudiomar) 16/10/2007

Claudiomar
Enviado por Claudiomar em 09/10/2019
Reeditado em 09/10/2019
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