Armário de alvenaria

Decidiu ficar sozinha.

Cansou das velhas apresentações.

Do frio na barriga.

Da expectativa.

Estava vazia,

e não fazia questão de se encher.

Não checava mais mensagens,

sabia que dali nada viria.

Não chamara o Uber,

dado que evitar a fadiga de uma longa conversa se fazia necessário.

Ausente de si mesma,

queria ver o mar.

Mas a distância duplicara a cada dia.

Queria evitar pessoas, isso era certo.

Queria bastar-se a ela e dormir entre os esqueletos no armário.

E se realmente pudesse fazer uma escolha sabia,

não sairia de dentro dele.

Nunca mais.