OS SONHOS

A alma desprende-se do corpo,

Vaguando além dos confins dos mistérios,

Onde o abstrato toma forma

relutante ao permissível,

Algo além dos muitos além de mim.

... Ah, como eu queria mim assim, solto!

Uma alma sem forma.

Um espírito que não se assemelha,

ou tão pouco assídua.

...Uma vez, quem sabe!

hei de ser de tão poucos;

Como o frio, um vento frio que acalma

Outra, feito a sombra em volta da luz.

Às vezes me sentir ali, aqui,

Outras um mero espectador.

...Uma outras me vir assim!

Hora assassino, perdido, esquecido

Outras, apaixonado, amado, bobo e rico...

Já mim vir perseguido e perseguindo.

Já voei sobre o céu estrelado

Já corri, já morri já vir Deus e o diabo.

Muitas vidas entre os sonhos já vivi.

Ainda agora estranhamente ainda sonho

Essa fantasia de realidade

que também me traz dor e alegria.

Seja pelas dores da morte,

Seja pelo sofrer da angustia,

Seja pela velhice da carne,

Seja pelo chamar de volta ao despertar do sonho esquecido...

SERGIO CARVALHO 01/03/2020