Nada
Nada ao vento, mas penso:
- Foste tu ao relento
E nada fomos, nem seremos
Para o argueiro iremos
Impressões, turbações
Amor e cantigas
Assim tão explícitas
Sem de fato sentir o fato
De toda uma noção
Embaçada então
Vista através de vidros
Sentidas por ilusões
E a coisa perplexa, em vão
Caída, adormecida pelos vãos
Da aurora perdida da vida
Vista através de cortinas
Ditas como palavras vazias
Jogadas pelas bocas
De lábios profanos
Em troca de migalhas
Fora assim em brasas
E nessas asas, de vôo sem aptidão
Como o ato em cena, atores da vida
Fora apenas nossa própria emoção
O nada sincrético, contra agrados
De toda a comoção, batimentos serão
Dentre as moções, além da razão
De nossa intrínseca reflexão
Assim desfez-se em racionalidade
Fez-se sobre nossas percepções
E o nada, aquele sem sentido progride
Progressa dentre nossos abismos
Mutila ilusões, agridoces sensações
Padece ao firmamento, numa só percepção
Como aqui conto e canto uma história
Termina assim a fadiga, pela razão