A mente e o peito
A mente diz e contradiz
Como um perdiz que canta
Nos cantos e não alcança
Daquilo que se cala e acha
O que o coração ri e fala
Diz e sem medo descarta
A minha cabeça teme
Aquilo que o peito sente
Tão quente, não mente
E esquece aqui, em mim
O ego preciso que pressente
O único vil e inconsequente
Na minha cabeça tudo é certo
Tempestades e luzes, o incerto
O caos do universo faria clarões
Mas em coração, são como rojões
Que entre multidões e vazões
Permanecem sem razões
Contida então, aberta em vão
Expresso no vagão dos únicos sãos
De loucos e confusos, difusos
No difusor das multidões
Somente em meu coração
Que uma vez mais, persiste e insiste
Numa mente que vive e se divide
Entre erros, dúvidas, apenas assiste
Vê-se as dores e dívidas
De mais uma vítima
Que sem guias ou pistas
Nem prenúncio e anúncio
Apenas o luto no escuro
Dum peito sem escudo
Naquele que vive em prelúdio
Do repúdio de atos incautos
Da tola negociação dos fatos
Com o mero acaso