o brilho da safira

quando digo que a verdade

tem cheiro de indecência,

é porque na realidade

ela incomoda a consciência

falo por especialidade,

mas não sei se é só comigo

todo mundo na verdade

nunca olha o próprio umbigo

se é parecido com castigo

viver sempre em falsidade,

por que não se busca o abrigo

onde há veracidade?

quem vive perambulando

sempre atrás de um disfarce,

de si mesmo esquece quando

eles lhe descobrem a face

viver é contradição

como o brilho da safira

que nos chama atenção

quando parece mentira

eu só falo pra você

o que você quer ouvir

porque sei que o seu prazer

é maior se eu mentir

é preciso respeitar

as regras da convivência

até mesmo o sol e o mar

também vivem de aparência

só que a vida, nos parece,

que é nascer, crescer, sumir

ela é só o que acontece

não o que se quer fingir

Rio, 04/10/2007