Era coisa demais
Eu ia escrever um monte de coisas.
Eram poéticas, sintéticas, amargas, sem métricas, réplicas.
Eu ia falar de mim, dos outros.
De todos, de um modo implícito, vívido.
Selecionei a foto, penumbra, sol, lua, estrela, eremita, acaso, patético.
Era desacreditar no Ser, no nada, no homem, na força, no lúgubre, no vácuo, no riso, na rima, no verso, na roupa, na cara, nos olhos, no bolso.
Era perseguir o vento, o sonho, a vida, a morte, a tristeza, a alegria, a nostalgia, a melancolia dos finais de tarde, nos finais de noite, nos finais felizes, nas ausências de finais.
Era coisa demais.
Repensei, desisti, insisti em ficar correndo e, talvez, vencendo, mantendo a pisada.
Desconectar, desassombrar, desestressar, desfigurar o monstro da ânsia... de ser, de ter, de ver acontecer... aquilo que ficou na dúvida.