Era coisa demais

Eu ia escrever um monte de coisas.

Eram poéticas, sintéticas, amargas, sem métricas, réplicas.

Eu ia falar de mim, dos outros.

De todos, de um modo implícito, vívido.

Selecionei a foto, penumbra, sol, lua, estrela, eremita, acaso, patético.

Era desacreditar no Ser, no nada, no homem, na força, no lúgubre, no vácuo, no riso, na rima, no verso, na roupa, na cara, nos olhos, no bolso.

Era perseguir o vento, o sonho, a vida, a morte, a tristeza, a alegria, a nostalgia, a melancolia dos finais de tarde, nos finais de noite, nos finais felizes, nas ausências de finais.

Era coisa demais.

Repensei, desisti, insisti em ficar correndo e, talvez, vencendo, mantendo a pisada.

Desconectar, desassombrar, desestressar, desfigurar o monstro da ânsia... de ser, de ter, de ver acontecer... aquilo que ficou na dúvida.

Nilvan Oliveira
Enviado por Nilvan Oliveira em 11/10/2020
Código do texto: T7085100
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.