Da superfície ao sentimento

Não é a vida que te engana,

mas, teus sentidos que estão a delirar.

Não é o corpo de outrem que te tenta,

mas, o que dele podes imaginar.

Não é a meretriz quem na vida te desencaminha,

mas, o dinheiro, que pensas tudo poder comprar.

Não penses que o rico zomba da tua pobreza,

mas, da soberba que insistes em ostentar.

Não é o sábio quem te humilha,

mas, o pueril orgulho que te faz penar.

Não é só o medo que te paralisa,

mas, também a preguiça de recomeçar.

Não é pela teimosia que chegarás à vitória,

mas, pela humildade em reconheceres o que modificar.

Não é o tenaz inimigo quem tira o teu sossego,

mas, uma consciência implacável a te cobrar.

A raiva é um impulso natural,

já a vingança é um ato premeditado.

No homem, qual é o mais condenável?

Controla a tua raiva a fim de que não te lamentes depois

e renuncia de uma vez aos teus propósitos de vingança.

Não é o mundo que te faz sofrer,

mas, o efêmero do teu querer.

O egoísmo de priscas eras faz a humanidade perecer.

Não desejaria estar na tua pele,

porque minha camuflagem é tão bela!

Oh! Troquei de pele, mas não troquei de sentimentos

Eis que deixo minha confissão sincera.

Em minhas retinas combalidas da lida,

ainda se formam imagens de esperança.