A Poesia, O Vinho e A Vida

Os momentos que vivo ultimamente

Lembram-me dos versos tristes que escrevo

A melancolia com aquele ar deprimente

O amor em sua ausência apenas como um sonho distante

Ou doce e passageiro como uma boa taça de vinho embriagante...

Imagine se a vida pregasse uma peça e fosse apenas um emaranhado de textos

Uma tragédia escrita por Shakespeare

Onde Deus estivesse bebendo e lendo nossas falas estupidas

Eu já teria morrido de tuberculose até os vinte e dois

Meus versos seriam apenas poeira estelar e letras esquecidas...

A realidade não passa tão longe disso

Os pensamentos se estendem no além como a videira no terreno favorável

Mas a colheita nem sempre agrada

Às vezes boa, outras, miserável

O clima nunca ajuda, sendo seco ou carregado demais...

Como a melodia da harpa há muito abandonada

Minha poesia vive em seu próprio mundo isolada

Minhas rimas cantam as aventuras nunca realizadas

De uma era de ouro jamais alcançada

Apenas nos meus sonhos regados a vinho dança minha alegria afogada...

Quando a garrafa está quase vazia

É tudo uma questão de ser ou não ser

O bobo da corte que dá o seu melhor para manter a aura colorida

Aquele menino de seus dezesseis anos que cresceu ali preso

Ou mais um membro da sociedade dos poetas mortos tão referida...

Nada é tão difícil como crescer

Você mal respira e já está se iludindo com paixões

O tempo voa e a taça nunca está cheia o suficiente

Há momentos que bebe tanto que enjoa e tudo se torna irritante

Mas precisa-se manter a postura e seguir adiante...

Então a garrafa está seca finalmente e você precisa de outra

Talvez de uma safra mais velha e mais forte

Porque as novas estão doces demais

Dando-te a falsa ilusão do prazer

Porém quando o gosto passar vai querer apenas morrer...

Essa é minha vida

Um jogo de escolhas em uma grande adega

Versados em um papel que não posso tocar

A decisão de qual garrafa devo escolher todo dia

Para seguir uma direção e ver onde o vento vai me levar...

Mesmo que isso por dentro um dia venha a me matar,

Eu bebo e escrevo até o dia que meu coração parar.

Jony Mex
Enviado por Jony Mex em 01/11/2020
Reeditado em 01/11/2020
Código do texto: T7101827
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