Alma de artista

Eu ainda era menino quando o gosto da leitura

Foi chegando de mansinho prá tornar-se uma loucura

Fosse boletim de missa, fosse bula de remédio

Lia tudo sem preguiça não sentia nenhum tédio.

Meu letrar ainda lento navegava impreciso

No meu parco entendimento repetir era preciso

Nem os folhetins mais velhos escapavam dessa rede

Que lançava com os olhos prá matar a minha sede.

Com o tempo fui me atendo a beleza das palavras

Aos autores que com elas produziam boas lavras

De tal modo que corria paralelo às escritas

Meu apreço à poesia que escrevia às escondidas.

Hoje até que me arrisco e publico alguns escritos

Que de longe meio arisco lanço em baixo o subscrito

Penso às vezes em parar, mas uma voz ordena insista

Vou seguindo meu caminho tenho alma de artista.