O ódio é o amor doente
O ódio é o amor
Na sua pior versão
Travestido de rancor
Adoece o coração
A mentira pegou a ânsia
Pela tal reciprocidade
Se aliou com a ganância
E fez do amor um covarde
A essência do amor é fluir
Mas o egoísmo o bloqueou
E o que era rio de vida
Uma represa então se tornou
A carência interferiu
Foi minando suas estruturas
A represa enfim explodiu
Em torrentes de amargura
O ódio é o amor
Com o rosto deformado
O desprezo por seu valor
Modifica o seu estado
Manancial de água vivas
Que refresca e acalma
Agora tão duras e frias
Congela e adormece a alma
O amor se entristeceu
Por perder a sua essência
De tal forma adoeceu
Deformou sua aparência
Aflito e desesperado
Com toda força lutou
Mas ninguém ouviu seu brado
Em ódio então se tornou
E como num pesadelo
De pânico e horror
Petrificado e envolto no gelo
Agoniza e padece o amor
Em protesto continua
Não se rende nem se conforma
À natureza que não é a sua
Feiúra que o deforma
À esperança ele clama
Brada pedindo socorro
A humildade ele conclama
Alçanço a elas seu choro
A caridade se oferece
A empatia se deixar achar
A resiliência aparece
Para juntas o amor resgatar
O perdão se comoveu
E ofereceu o seu calor
O gelo então derreteu
Aquecendo de novo amor
À medida que foi se esquentando
O amor voltou a sorrir
Sua forma ele foi recobrando
Sua essência de novo a fluir
Restaurou sua identidade
Sua beleza restaurou
Voltou a ser de verdade
Seu caráter enfim resgatou
O ódio é a enfermidade
Do amor incompreendido
Mas eis a bendita verdade
O amor nunca será vencido
É seiva quente e vivificante
Pulsando nas veias da vida
Torna-a bela e radiante
Mais feliz e colorida