Peso

Os pássaros voam, mas não aqui; aqui chove, tanto que inunda, tanto que me encharca, tanto que derruba.

Não há parede que interrompe minha mente pesada, nem transporte que o carregue ou vento que o leve, me arrasto carregando esses tormentos; me arrasto pelos espinhos impostos, caio nos poços, me perco nos vales sombrios, onde meus ouvidos clamam por silêncio, mas a voz na minha mente é mais alta que tudo por lá, ela reina aqueles vales sombrios, desde gritos à ecos.

Realidade turva, que toca meus dedos, mas não sinto.

Chuva em contenção, tão quanto paredes como alvos.

Eu pulo em abismos, pois nem o medo me incomoda mais, eu me rasgo e mal sinto.

Entre as estrelas pareço vagar, a procura de campos floridos e dentes-de-leão, mas a tarja em meus olhos faz com que eu me sinta, já na cova, enquanto me reviro.