Não posso ser salvo por ninguém vivo e os mortos não existem
Passei anos suplicando ajuda
buscando um herói pra me salvar
gritei na solidão até ficar sem voz, “me acuda!”
clamei diversas vezes por uma paz que não via chegar
Eu sempre acordava respirando
mas já quase morri tantas vezes que deixei de contar
cansado dessa luta, já ia logo me entregando
tinha virado rotina esse desistir, esperava tudo acabar
Não consigo vivo me sentir
já andei entre a linha dos mundos
tantas vezes tive certeza de que ia partir
me vi vagando entre meus semelhantes, os moribundos
Hoje agradeço ao ver que ainda estou aqui
depois de incontáveis vezes a morte me abraçar
mas é inexplicável como sempre sobrevivi
mesmo descrente, sinto que algo quis o meu voltar
Também não posso me ver como defunto
afinal, todo dia acordo e de mim tenho consciência
penso, logo existo! Então, trago-lhes um novo assunto
através de versos sobre a minha vivência
A morte a meu ver, é o fim do ser
logo, nunca atingi tal condição
continuo aqui para lhes escrever
compartilhando cada emoção
Hoje me sinto como um vivo-morto,
o que pisou no limiar
os vivos ainda respiram,
e os moribundos com eles coexistem
cheguei à conclusão,
que apenas eu posso me resgatar
aceitei!
que não posso ser salvo por ninguém vivo
e os mortos não existem