Não posso ser salvo por ninguém vivo e os mortos não existem

Passei anos suplicando ajuda

buscando um herói pra me salvar

gritei na solidão até ficar sem voz, “me acuda!”

clamei diversas vezes por uma paz que não via chegar

Eu sempre acordava respirando

mas já quase morri tantas vezes que deixei de contar

cansado dessa luta, já ia logo me entregando

tinha virado rotina esse desistir, esperava tudo acabar

Não consigo vivo me sentir

já andei entre a linha dos mundos

tantas vezes tive certeza de que ia partir

me vi vagando entre meus semelhantes, os moribundos

Hoje agradeço ao ver que ainda estou aqui

depois de incontáveis vezes a morte me abraçar

mas é inexplicável como sempre sobrevivi

mesmo descrente, sinto que algo quis o meu voltar

Também não posso me ver como defunto

afinal, todo dia acordo e de mim tenho consciência

penso, logo existo! Então, trago-lhes um novo assunto

através de versos sobre a minha vivência

A morte a meu ver, é o fim do ser

logo, nunca atingi tal condição

continuo aqui para lhes escrever

compartilhando cada emoção

Hoje me sinto como um vivo-morto,

o que pisou no limiar

os vivos ainda respiram,

e os moribundos com eles coexistem

cheguei à conclusão,

que apenas eu posso me resgatar

aceitei!

que não posso ser salvo por ninguém vivo

e os mortos não existem

R J Ferreira
Enviado por R J Ferreira em 07/12/2021
Reeditado em 15/12/2021
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