AO LONGE
Ao longe, na linha do horizonte,
Um sol de fogo vai morrendo
E uma lua de gelo vai nascendo,
Atrás dos pinheirais que o entardecer
Há pouco tingiu de negro.
O que em mim é genuinamente meu
E o que foi construído artificialmente?
O que eu teria sido
Se fosse quem sou
Mas não o que sou?
O que eu poderia ter sido
Se não houvesse sofrido
Tudo aquilo que sofri
Ao ser humilhado e excluído
Por não ser normal?
O que em mim é genuinamente meu
E o que foi construído artificialmente?
Será que devo derrubar aquilo
Que em mim os outros e eu mesmo
Artificialmente edificamos?
Ou será que é melhor deixar
Tudo como está
Para ver como ficará?
Basta! é inútil pensar
Nessas coisas!
É perda de tempo pensar
Nessas coisas!
É melhor esquecer tudo isso
E sorrir e me dedicar
A coisas mais úteis
Do que deixar meu peito
Sangrar e chorar
Sem parar,
Enquanto penso inutilmente
Nessas coisas.
Ao longe, na linha do horizonte,
Além da serrania
Que a névoa do poente acaricia,
Despontam no firmamento ainda azul
As primeiras estrelas gélidas e brilhantes.
Victor Emanuel Vilela Barbuy, Campos do Jordão, 25 de julho de 2018.