[ sem título #44 ]

que Hilda me abrace

neste momento

onde sei que meu corpo

é pecado

apesar

da castidade.

que Hilda me console

neste momento

onde creio que

minha forma de amar

transita

por uma pureza tão clara

quanto o dia

e uma lascívia tão noturna

— porém com estrelas

que amenizam

esta busca da carne

e na carne

como quem busca fôlego

quando arrisca o mergulho

onde quer

que seja.

sabemos, Hilda,

que amar e ser amante

é suportar o peso dos conceitos,

e quase acabar na solidão

de mãos unidas como que

em uma oração

— pois da alma,

Hilda, nada te sei

dizer.

e não importa que eu uive

ou que eu monte no dorso de

um cavalo,

é sempre à dúvida,

e ao amor,

e ao desamor,

e ao encanto,

e ao desencanto,

que retorno

quase

como quem retorna

à cidade natal.

quase

— ou

quiçá —

num estado de carência.