ONDE VOCÊ ESTÁ?
O Divino e o físico, dois mundos tão distantes e tão próximos.
Tão contraditórios e iguais.
Tão irreais e verdadeiros.
É o Infinito que toca e se aproxima do que é finito.
E com o sopro da vida faz movimentar o corpo inerte.
Naquele jardim houve um tempo de estreitos laços familiares e de amizade.
Nos passeios diários uma brisa suave tocava o rosto,
os pássaros estavam a gorjear, os raios do sol invadiam o ambiente serpenteando
por entre as árvores provocando um espetáculo de cores, texturas e efeitos luminosos,
tal era o impacto daquela visão que o corpo de maravilhado, tremulava,
tamanha era alegria e a segurança vivida e sentida naqueles momentos.
Não era preciso procurar, pois sempre estava lá a espera.
Mas por excesso de autoconfiança e devaneio,
a escuridão veio esconder a maravilhosa luz do sol que refulgia.
E uma voz... “ao longe” dizia: Onde você está?
Sentia-se uma forte dor na alma e um desejo incontrolável
de se atirar no mais profundo dos abismos.
Dos grandes momentos de outrora, restaram apenas imagens distorcidas, sombras, vultos.
Agora tudo o que se vê, que se pensa ou vive é apenas uma imagem
refletida num espelho, totalmente exteriorizada, momentânea.
O jardim é o mundo, Ele continua presente, mas a escuridão
sobre nossos olhos muitas vezes nos impede de O perceber, sentir, ouvir.
Quantas vezes ansiamos por esse doce lugar de refúgio aonde
a brisa sopra suavemente acariciando nossa face e a luz do sol
aquecendo nosso corpos!
É apenas um sonho,... uma busca vã?
O Infinito é quem toca o que é finito.
O eterno numa busca incessante,
luta diuturnamente para alcançar o seu povo que se desviou da trilha.
E a voz “ao longe” continua a dizer, chamando suavemente:
Onde você está?