Sente
Sente-se
No sentido de sentir
Dizer a ti mesmo que entende
Que se sente como alguém
Que não mais preso dentro de si
Se sente fluir
Sente-se
À mesa de tua decisão
Põe sabor em tua ação
Você quer o que te dão?
Ou te foge a sensação
De não ser só concentração?
Sente-se
E se deixa entender
Recusar o que te entregam
Quando tudo que você quer
É ser entregue
Em retribuição
Sente-se
E sinta teus astros movendo
Sinta teu coração batendo
Não é só de púlpito que vem
Não é só em paredes que vão
Tua adoração
Sente-se
E deixe de sentir tua pressão
Dessas mãos que sem dono
Só te trazem dominação
Dessa oferta sem ganhos
Pago a prestação
Sente-se
Deus te deu um cálice lacrado
Onde a tampa é teu pecado
E o sabor é tua ingratidão
Mas pior que beber do teu fardo
É causar em outro indigestão
Sente-se
Eu já te vi andar tempo demais
De um lado ao outro desse cais
Sem que fizesse sentido
Essa tua insegurança
De perfeição
Sente-se sobre teus joelhos
E sinta em ti gratidão
Pois de tantas mãos que te cercam
De tantos males que restam
A tua esperança ainda é
Maior que tua prisão
Sente-se sem sentir as mãos
Que talvez não sejam minhas
Tão pouco de teu algoz
Deixe esse tormento atroz
Algumas mãos sobre tua voz
São de tua própria criação
Sente-se em tua mesa
Fique bem a vontade
Que talvez desse jeito
Esse teu fardo ou teu desejo
Possam ter alguma serventia
Além de tua exaltação