Sente

Sente-se

No sentido de sentir

Dizer a ti mesmo que entende

Que se sente como alguém

Que não mais preso dentro de si

Se sente fluir

Sente-se

À mesa de tua decisão

Põe sabor em tua ação

Você quer o que te dão?

Ou te foge a sensação

De não ser só concentração?

Sente-se

E se deixa entender

Recusar o que te entregam

Quando tudo que você quer

É ser entregue

Em retribuição

Sente-se

E sinta teus astros movendo

Sinta teu coração batendo

Não é só de púlpito que vem

Não é só em paredes que vão

Tua adoração

Sente-se

E deixe de sentir tua pressão

Dessas mãos que sem dono

Só te trazem dominação

Dessa oferta sem ganhos

Pago a prestação

Sente-se

Deus te deu um cálice lacrado

Onde a tampa é teu pecado

E o sabor é tua ingratidão

Mas pior que beber do teu fardo

É causar em outro indigestão

Sente-se

Eu já te vi andar tempo demais

De um lado ao outro desse cais

Sem que fizesse sentido

Essa tua insegurança

De perfeição

Sente-se sobre teus joelhos

E sinta em ti gratidão

Pois de tantas mãos que te cercam

De tantos males que restam

A tua esperança ainda é

Maior que tua prisão

Sente-se sem sentir as mãos

Que talvez não sejam minhas

Tão pouco de teu algoz

Deixe esse tormento atroz

Algumas mãos sobre tua voz

São de tua própria criação

Sente-se em tua mesa

Fique bem a vontade

Que talvez desse jeito

Esse teu fardo ou teu desejo

Possam ter alguma serventia

Além de tua exaltação

Maicon Lopes
Enviado por Maicon Lopes em 31/01/2022
Código do texto: T7441892
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