As palavras
São criaturas aladas as palavras...
Fogem as palavras,
diante da dor.
Fogem do vazio...
Voam em busca
do que as faça sentido,
do que as leve de volta
ao abstrato universo
de onde vieram,
depois de passar
pelas retinas cansadas
do absurdo mundo concreto.
Voam as palavras,
diante da imagem
das oito sementes
plantadas no seio
transpassado pela espada,
enxertando na alma
dois arcos sangrando eternidades,
transbordando quatro olhos embargados
que se recusam a partirem de si.
Calam as palavras,
diante da imagem que se basta.
Calam as palavras.
.
Grazi Nervegna