Às vezes
Às vezes a gente se cala
não tem o que dizer
a palavra na garganta entala
resta apenas o silêncio para oferecer
Às vezes a gente chora
e o clima do ambiente começa a fechar
o que no peito fez morada, é hora de pôr pra fora
já não dá mais pra abrigar
Às vezes a gente se sente perdido
querendo um mapa para se achar
chuva na estrada, trovão e rugido
fica a solidão, e a água pra molhar
Às vezes a gente deixa algo quebrado
mas não sabe como consertar
esse tipo de coisa na escola não é ensinado
e não tem manual para consultar
Às vezes a gente vai falhar
e isso não é o fim do mundo
com os erros ganhamos um novo olhar
o que parecia raso se torna profundo
Às vezes a gente se enche de paixão
e esquece dos problemas da vida
se entrega e dá asas à imaginação
torna nossa estrada florida
Às vezes a gente vê o nascimento
segura um pedaço de nós entre os braços
talvez o mais mágico momento
o resultado da equação da soma de laços
Às vezes é hora de chorar
às vezes é hora de sorrir
às vezes é hora de uma vida chegar
às vezes é hora de uma vida partir
Às vezes queremos um viver de certezas
porém, nascer já é sair do previsível raso
é entrar no mar feroz, navegar em suas correntezas
não existe controle, a vida é regida pelas leis do acaso