" Nada importa e tudo importa absurdamente"

Escrevo eu para conseguir paz?

Parece-me que quem escreve é um estranho,

um inimigo

A ansiedade desanca em versos tristes

Purgam a dor ou apenas relembram?

Existe toda essa dor?

Métricas, alexandrinos, decassílabos

O que é ficção, o que é amor, o que é ilusão?

Cabe tudo isso em tônicas dum poema qualquer?

Quem se importa? Alguém se importa? Eu me importo?

Eu importo?

Buscar a rima perfeita para extravasar a dor imperfeita?

Tocar algum coração desavisado que não entendeu nada,

nada do que escrevi, nada do que senti

A fração da razão na emoção

Desabo em versos, me reconstruo em versos

São só versos

São deles toma minha imaginação

Todo o meu coração

Se minha dor rimar com a tua, não se assuste

Se a métrica fugir, me perdoe

É tarde e eu já falei e escrevi demais

Ainda não há paz

Essa rima assim como as outras

Elas não importam

Elas não importam mais