SOMENTE ESTONTEADO
Os olhos marcantes, latentes...
não se escondem nas burcas...
ficam expostos...
envolventes....te levam a bruma.
E os mistérios deste olhar...
ficam parados no tempo...
Te fazem topar os sentimentos.
Devaso, impiedoso...
os olhos não escondidos...
remetem os pensamentos...
crapulosos são eles...
não se respeita o momento.
A solidão do olhar...
faz lembrar profanidades...
que permanecem na eternidade...
do ímpio pensamento.
Este que fica a navegar...
como delito lascivo....
a sonhar com o encontro...
do olhar para talvez acalentar.
E quando existir o momento...
não vais tirar a burca...
não quero entender os teus mistérios...
quero aproveitar....
a insana obscuridade
que tanto insiste em me estontear.