O ceticismo que virou homem
Não existe abraço que me acolha
não há palavra que me conforte
conselhos não influenciam mais minha escolha
o acaso é quem decidirá o dia da minha morte
Já não traço planos
vou bailando com o agora
deixei de contar os anos
esvaziei minha caixa de Pandora
Já não rezo para divindades
nem ouso fazer simpatias
descrenças são as minhas verdades
mataram minhas fantasias
Perdi a fé que tinha nas relações
rompi os elos que foram criados
me refiz na forja das decepções
me cerquei de muros com arames farpados
A vida deixou de ter sentido
entrei num drama quase que poético
uma crise existencial gritando em meu ouvido
e a cada segundo fazia-me mais cético
Conflito interno, batalha de opostos
coração esperançoso, mente desacreditada
meus fracassos e vitórias sendo expostos
mas pra cada dia de sorriso, existe uma dor não curada
Hoje, só resta meu cadáver esquelético
e se surgem crenças? Minhas dúvidas as consomem
já não lembro mais se sou um homem cético
ou o ceticismo que assumiu a forma de homem