O ceticismo que virou homem

Não existe abraço que me acolha

não há palavra que me conforte

conselhos não influenciam mais minha escolha

o acaso é quem decidirá o dia da minha morte

Já não traço planos

vou bailando com o agora

deixei de contar os anos

esvaziei minha caixa de Pandora

Já não rezo para divindades

nem ouso fazer simpatias

descrenças são as minhas verdades

mataram minhas fantasias

Perdi a fé que tinha nas relações

rompi os elos que foram criados

me refiz na forja das decepções

me cerquei de muros com arames farpados

A vida deixou de ter sentido

entrei num drama quase que poético

uma crise existencial gritando em meu ouvido

e a cada segundo fazia-me mais cético

Conflito interno, batalha de opostos

coração esperançoso, mente desacreditada

meus fracassos e vitórias sendo expostos

mas pra cada dia de sorriso, existe uma dor não curada

Hoje, só resta meu cadáver esquelético

e se surgem crenças? Minhas dúvidas as consomem

já não lembro mais se sou um homem cético

ou o ceticismo que assumiu a forma de homem

R J Ferreira
Enviado por R J Ferreira em 25/05/2022
Reeditado em 25/05/2022
Código do texto: T7523316
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