SOLSTÍCIO

Sim, exata é a divisão desse verso já cantado

E, o pânico explícito de um fato consumado.

Dividindo a tentação tácita, gritante e confusa da saudade

com a aparência clássica, cortês e sincera da verdade.

Beijos que jamais tocaram meus lábios ressecados pelo frio,

além da tempestade que o céu pintou, prenunciam o vazio...

Então, meu corpo em chamas se põe a suplicar por ti

e, meus desejos suspiram porque não cabem mais aqui.

Meu corpo arde em exato conjunto com minha alma.

Vê, choram meus versos tirando-me toda a calma.

Pois, o contorno vermelho do sol prenuncia o solstício.

Afastando dois seres que se amam... Um desperdício!

E nada mais me resta além de um edredom.

O sonho não mais me aquece, dele já nem sei o tom.

Teu rosto amado se desconfigura em passos opostos a mim

Talvez devesse mesmo ter sido assim

Mas quando lembro cada palavra quente tal o calor do sol,

que martelavam em nossas mentes da lua ao arrebol...

Percebo frações multiplicadas de um desejo distante, mas querido!

Marchetado no gosto doce de noites

nas quais, para fugir de todos os açoites,

nós deveríamos apenas ter dormido...

Meu pensar é o eco ensurdecedor do silêncio que ouço agora!

Estarei acordando de um sonho ou pesadelo? Não sei.

Mas, com ele perdi toda a regra, ou lei.

Talvez, seja hora de ir embora...

Ou quem sabe seja a hora de aceitar

essa luz aí a me hipnotizar?

Oras, mas o quê importa?!

Se na verdade, há muito eu já cruzei essa porta!