Na madrugada

Quero a beira da água que me lamba a barra da saia e carregue consigo as sombras...

Que no descompasso do coração, se desvaneça a vida, cansada do labor de tecer...

Que venha o descanso que anestesia a alma e emudece o sentir...

Que ela, nas dobras do tempo se deite e pare de pulsar...

Pois que em todas as labutas a força ali estava, altaneira e firme

Mas suas asas, diáfanas, denotavam fragilidade no esgarçar de sua contextura

Dolorido bordado, a revelar em seus rasgos as batalhas diárias

Travadas no âmago do ser, entre o humano e o sobre-humano que compõe a vida

Quero deixar-me ir, em doce abandono.

O silêncio sobrepuja o sussurro que se ouve ao longe, lá por dentro...

O socorro e o alívio, misturados em fluida essência,

constituem onírica poção que serve aos propósitos de calar-me.

Cessam-se os sons.

A imobilidade desata os nós que, apertados,

sufocavam o fluxo das ideias. Elas também são detidas.

Ao final, tudo se esmaece lentamente.

Desaparece.

E finda.

Lyzzi
Enviado por Lyzzi em 01/12/2022
Reeditado em 05/12/2022
Código do texto: T7662394
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