Oblívio
Iniciamos rolando os dados.
Poker fechado, sempre olhando para o lado.
Pouca carta, mas muito blefe.
Foi há tanto tempo que a gente parece que esquece.
No truco, pedi seis.
Jogamos de novo outra vez.
O prazer no jogo apenas aumentou.
Até que, o que era só etéreo, se transformou.
Abri minhas cartas e parei de blefar.
A intenção se transformou em algo mais elementar.
Você deu corda e também tração.
O que de início era só teatro, entrou na emoção.
Em tentativas e erros busquei construir
no castelo de cartas que fizemos existir.
Fui zeloso e aportei esforço.
Mas, mesmo com tudo, ficamos no esboço.
No meio do caos, busquei explicação.
Com medo de tudo ter sido em vão.
Mas o tempo amadurece e nos faz pensar.
No fundo, você só esqueceu de parar de jogar.