imobilidade e Miséria
Imobilidade é mais um estado de espírito do que de vida.
Em vida, imobilidade é prenúncio de medo, porque não existe em realidade. Tudo anda continuamente. A terra gira e nós giramos junto, mesmo parecendo parados.
Logo, imobilidade em vida trata-se de ilusionismo, e portanto, mortificação.
Se bem que morremos desde o dia em que nascemos. A morte é inerente à vida, age independente da mobilidade. O Sol explodirá, e nós cederemos muito antes dele. Mas este é um pensamento transcendentalista. Foquemos na realidade do presente:
A percepção de imobilidade é fruto da expectativa.
Estipula-se metas, observa-se metas e define-se por metas. A essência do homem traça planos míseros e magnânimos. A expectativa alia-se à centelha da inspiração, porque produz uma mudança baseada em um estado de espírito.
Há o estado de espírito da Miséria.
Também há a miséria da vida, é inegável. Volte-se à Miséria da alma, coisa odiosa assentada nos ombros e florescendo na imobilidade. Ou só tornando-se palpável.
A percepção da Miséria flerta com o insosso.
Uma opinião pessoal: Ser Miserável não te impede de escrever textos rebuscados. Nem te torna uma pessoa miserável. A Miséria vem da percepção de expectativa, botando seus pés no chão e te pedindo para dar uma boa olhada ao redor.
A Miséria da Imobilidade.
Aí, a voz da Miséria é auto imposta e inerente. Ultrapassa o estado e torna-se personalidade momentânea. Praticamente um congelamento de água.
Vibrar em estado de Miséria - sem muito movimento e com moléculas sufocadas - é vibrar desprovido de inspiração. Ou ação.
Mentira. Até o mais espiritualmente Miserável dos homens deve ter inspiração. Ou aspiração. Ou ação.
Ou pelo menos aqueles que têm muito tempo livre.
Então a Miséria é a Miséria do medroso. Logo, a Miséria da imobilidade. Logo, a Miséria do desejo irreal em um mundo em movimento. Logo, a Miséria da morte, como todas as outras misérias e amores.
Logo, a minha Miséria.