NÃO SOU DAQUI

 

Eu às vezes sinto que não sou daqui,

Mas também não sou mais de onde eu vim.

Perdi por lá um lugar que já não tinha,

E aqui não encontrei o lugar que eu queria,

Embora ele possa ser tão bonito.

 

Parece que sou alguém alienígena

Que à noite vasculha o céu infinito

Em busca de um planeta que não mais existe,

A cabeça entre galáxias e nebulosas,

Os pés pisoteando um jardim de rosas.

 

Eu sinto como se eu fosse a espuma do mar,

Que quebra na praia, sem alternativas,

Se desmanchando sempre entre esta e outras vidas,

Sem conhecer os peixes, as algas, os rios,

As marés que me enchem e que me esvaziam.

 

Eu olho o pôr do sol, e as cores avermelhadas

Que se desenham no horizonte, me fazem pensar

Sobre outras estradas.

 

Não sei de onde vim, não sei mais de mim,

E se houve algum momento em que eu me senti parte

Da vida comum, em que toda a gente existe,

Já faz tanto tempo, que eu  perdi a arte

De de ser simplesmente alegre, ou de ser, finalmente,

Triste.

 

 

 

 

Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 08/05/2023
Reeditado em 08/05/2023
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