O brasileiro - A triste história.

Vou voando às nuvens.

O sonho me possibilita tudo.

Guio-me pelas estrelas.

Das três Marias à ursa maior.

Torno-me um pássaro...

Criptográfo, na memória, todos os lugares por quais passei.

Até os quais nunca quis, realmente, conhecer.

Já fui até Paris, sentir o movimento astral.

Já fui para doce Roma, da arquitetura e gastronomia fenomenal...

Agora estou no Brasil.

Putz... Que país marginal!

Ricos são homens... Pobres, irracionais!

Por que será que sustentam tal mentalidade Boçal?

(PAUSA)

- Uma bala atravessou a parede.

Uma criança acabou de morrer.

Seu único crime foi não ter como se esconder.

-Por que, Deus?

Por que nos abandonastes?

Triste, enfim, por saber que estes apelos não serão escutados.

Pois pequei, como tantos outros, pequei por ser, sempre, sádico. -

Racionalizei...

Então, pois, aos meus olhos, aqueles pés, contraídos, bradavam pela libertação.

Tamanha é minha dor que vôo bem alto.

E com um rasante me jogo ao chão.

Como esperava...

A morte é o fim do pensamento e início da desintegração carnal.

As vísceras já se mostravam pútridas.

Pedaços e mais pedaços, deste corpo, esparramados naquele solo fértil.

A ressurreição viria com a corrente de ar que passava.

O brasileiro acaba de morrer.

O hino nacional não faz mais tanto efeito.

A mão no peito, demonstrando amor à pátria, se tornou clichê.

A esperança deu lugar à desconfiança.

No inferno, explicava-se ao demônio:

“Cumpri meus deveres, jogando meus direitos no lixo.

Amei minha pátria, mas ela virou-me as costas.

Tentei modificar o país, honrei a bandeira.

Enfim, vi desmoronar meus sonhos, meus ideais.

A lucidez se foi ao ver a juventude falecer sem culpa”.

E ele, por fim, o disse:

"Vivestes em uma sociedade hipócrita, senil e ultrapassada.

Mas, sem fé na revolução, fostes a caça do predador de almas".