Fenda

Sucumbe o chão sob meus pés,

Asfalto desmorona e se afunda,

O céu tão mais distante do meu alcance,

Caindo estou rumo à fenda profunda.

Mergulhado e às cegas

Nado em qualquer direção,

Não há correnteza que me puxe,

Não há luz que me ilumine,

Não há respostas para as perguntas,

Somente vasta escuridão.

Sou sombra da minha sombra,

Sempre rente e preso ao chão,

Às vezes na parede,

No gramado,

Mas longe da sua imensidão,

Sou sombra do que já fui

Mergulhado, afogando

Refém da vastidão do meu ser

Sou ar que está se acabando,

Você sente e não pode me ver.

Ao fim estou condenado,

Então permita-me entrar,

Não seja um portão que está trancado

E me deixe respirar.