Faluas do Velho Nilo

I

No que corre um rio,

nesta terra que Cansim a areia

de fráguo tempo semeia,

assim me refrego

no sentido de minhas ações.

Palavras contidas de frases,

por vezes banidas,

de cansado céu de lábios

que desejosas elegias uma vez entoou.

II

Pois,

era sempre àquela fluida travessia,

sobre o deslizar de pequena falua,

que a saudade,

por aturdida campanha adormecida,

revogava os prantos;

erguia-se sobre o arcano destas águas,

os recônditos pulsares

de afugentado peito sem acalanto.

E no ritmo de incessante fluência

que nunca o mesmo momento retorna,

assim como o sentido da vida,

desenhava sedosa face

qu’em espelho doce entorna,

à singra de cansada pro

qu’ao desejo nutria

por cárdio penitente

que espavorido ali transborda.

III

Se por tortuosa amarga espera,

desbasto as pedras

de um abandonado templo,

ocultando as faces

de antepassados deuses,

a retidão de meus atos

reclamam severa vicissitude

de mortal escrita.

Pois,

pecador de si mesmo,

invasor de proibidos átrios

de aquiescida secreta vontade.

Ei-lo,

miserável,

em alma posta à palma.

Exaurido lasso reclama,

pelo justo sentido das coisas,

sob consentida embainhada coragem

por fim humildemente intenta

dadivosa proclama.

~X~

Luxor, 22 de Janeiro de 2020.

Davi Duarte
Enviado por Davi Duarte em 30/12/2023
Reeditado em 30/12/2023
Código do texto: T7965506
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