Os versos da loucura

Os versos da loucura

Que se passe o que se passe

Não passará jamais este estado em que me encontro

Sem jamais pedir auxílio seguirei

Meu ou outro caminho

Tenha ou não espinhos

Mas nunca o de ninguém

Por que se ninguém está de ausente erro

Quem pode aconselhar sem errar

Sendo que muito errou também ?

Assim me vou ou me fico

Sem ter bem entendido

Os pensamentos que vêm

E a razão que nunca anda sem fazer cair

Aqueles que nela se sustem

Não é também boa conselheira

Para quem busca caminhar sem querer achar ninguém

Se do instinto não lance mão

Em horas de não acerto

Por certo não teria dado tantos passos

Que por si só dizem de meu descoberto

E se assim vivo

Procurando na penumbra a amiga que me falta

E o silêncio que me cala

Sem ter nada a quem dizer

De certo já estaria perdido

Mesmo que me achando não sei dizer

Onde me encontro

Nem a ninguém me faça entender

Posto que não tenho por isso intento

Mas apenas o de ir passando

Como o tempo que se vai sem se ver

E se um salto de um ponto a outro chega

Nos enchendo com lembranças e experiências

Que não podemos mais reviver

E ainda, a quem diz, depois de tudo isso

Ser capaz de melhor se governar

Não vejo nisso vantagem

Pois quem governado estar

Não pode de si ter liberdade

Nem está isento de mais errar

Pois é segredo da vida

Que ninguém dela pode se apoderar

A ponto de a ter comedida

E se assim fosse

Que seria a ela viver

Se são suas surpresas e peripécias

Que nos revela a nós

Nosso sempre parco saber?

É mais certo ir andando

Das pedras se desviando

Mas sem a sorte de ter em si garantido

Que em armadilha perspicaz do destino

Se venha a se surprender

Em que tudo que há já sabido

De tanto viver e tanto ler

De tanto das vidas dos outros está empanzinado

Nada pode lhe socorrer

Vida vida vida

Só é certo de ti,

E disso ninguém pode duvidar,

Que todo mundo vai morrer

Entregando sem hora nem jeito que se saiba

Nem mesmo os suicidas

Conseguem discernir o momento

Em que tal decisão lhes virão de acometer

Por isso ando como quem vive em florestas

Em desertos sem fins

Sobre montanhas sonhadas

Grutas imaginadas

Poesias não escritas, inefáveis

Porque nisso sei e me governo

Mesmo estando louco de endoidecer

Ainda por aí dentro

A vida é mais precisa

Porque é pela imaginação criada

Diferente dessa de real viver...

Quem quer que use uma das duas

Ambas são uma

E uma só pra sempre hão de ser...

E o que louco nos parece

Pode ser que mais que nós pode dela conhecer

S m que isso seja segredo

Mas é hermético a cada ser...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 13/01/2024
Código do texto: T7975582
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