Summertime...

Tenho uma séria queda pela vida

Em múltiplos sentidos e

Matizes

Contornos

Contrastes

Sorrisos

Perspicácia

Inteligência

Tudo isso me atrai muito

Me faz querer correr um pouco de risco

A velha sensação de estar vivo

Você se lembra?

Sou dionisíaco e amante da noite e um pouco prolixo

Ultimamente, contemplativo, praticamente casto

Cumulus-Nimbus

Café e

Um silêncio devasso

Um pequeno caos

O meu Dharma obscuro, absurdo

Meu centro gravitacional por vezes se inverte

E vejo velhas coisas com novos olhos

Verdes

Roxos

Castanhos

Diferentes cores, nuances, texturas

Pensamentos antigos refletindo em ações futuras

Como se pudesse planejar

Como se fosse possível entender

Abstraio

Confundo

Questiono

Conquisto coisas sem querer às vezes

E perco outras por quere-las demais

O grande senso de humor do Universo

No budismo, samsara

Pra igreja, castigo

Pros pagãos, a natureza

Eu, costumo chamar de ironia

Enquanto isso, segue o grande baile da existência

Em essência, nossa eterna busca não passa de um acorde

Que vibra e sacode e se propaga, contribuindo

Para que tudo mantenha um certo ritmo

Algum compasso e sincronia, uma big band

Um big bang, o grande orgasmo divino

Devaneios displicentes

Obscenos

Incertos como o Destino

Certeiros como bala perdida

Sinceros como um tiro, esses rabiscos

É certo que menos destrutivos

Talvez mais doloridos

E menos tristes que aquele velho blues

Sobre o céu de verão

Branco e cinza

Sem Sol

Sem azul

Apenas luz, claridade fosca

Ofuscante

Sinto aromas distantes

No tempo

No espaço

Bem perto, me despertam

Lembram maresia e morangos

Tempestade iminente

Folhas verdes ao chão

'There ain't no cure, baby

For the summertime blues'.