[Ato I] Noite de Cão

É costume meu olhar a noite

do peitoril do olho de vento.

Simplesmente, observando

a noite que vem mansa.

Do olho, tenho a praça.

A pata humana deixa os dedos bailarem

pela fresta da roupa feminina.

A pata humana que - não pensa -,

mas age no filhote humano.

A pata humana segurando uma coleira.

A pata humana que pega coisas

que não são suas.

Vi a pata humana rascunhando no chão.

E vi aquela aspirando fumaça em estado sólido.

E vi os humanos cujas patas pertencem.

E vi corpos das cabeças humanas cujas patas pertencem.

Cansei.

Vou parar de poetar

e vou ao quintal uivar à lua...

(CaosCidade Maravilhosa, 23 de outubro de 2006. Este poema pertence ao meu projeto "Marina em Poesia".)